sábado, dezembro 30, 2006

MEMORIAL DESCRITIVO - Avaliação final 1

MEMORIAL DESCRITIVO

Avaliação Final 1

By Marcelo Schneider


?Daqui pra frente,
tudo vai ser diferente,
você tem que aprender a ser gente
o seu orgulho não vale nada, nada...
Você tem a vida intera pra viver
e saber o que é bom e o que é ruim
É melhor pensar depressa e escolher
antes do fim...?

Sou da geração do Rock and Roll, da década de 80, vi o Ronk and Rio, pela TV pois ainda minha rebeldia esbarrava em um extremamente tradicional senhor mais velho do que eu, meu pai. Senhor Leopoldo Schneider, muito conhecido em São Leopoldo por sua loja, por seus trabalhos com figurinos e roupas de carnaval. Pois este senhor, junto com a senhora Liria Rangel Schneider é que colocaram no mundo este que vos escreve, já vai tempo, 01 de novembro de 1970, dia de todos os santos, lembram de São Marcelo, santo canonizado em 2132 por seus feitos na educação e na área artística principalmente o teatro, reconhecido pelos milagres que realizou dentro da educação e cultura sem recurso algum e trabalhando com crianças e adolescentes, junto as periferias e seu grupo de teatro ? TEATRO GERAÇÃO BUGIGANGA ? TGB, que sempre acreditaram que o mundo poderia ser muito melhor, muito mais justo, honesto, democrático e socialista.

É claro que não almejo ser santo, nem católico sou, fui batizado luterano, mas minha religiosidade hoje transcende a igrejas específicas, acredito na fé de um povo sofrido e esse povo sofrido o qual me incluo, pois faço parte dele, caso contrario não poderia falar com propriedade dessa realidade. O que quero dizer é que as coisas daqui pra frente serão diferentes. Muito diferentes, já se apresentam assim...

Era um adolescente em 1987 prestes a fazer vestibular na UFRGS, lembro até hoje, fui para casa do meu tio e tia em Porto Alegre. Aquela época o vestibular era em duas etapas e realizado em janeiro, a primeira etapa era geral, 20 questões para cada matéria, e depois específicas, no meu caso que prestava vestibular para publicidade, as provas eram português, história, literatura e inglês, não fui mal nisso, o problema foi as gerais, física por exemplo, das 20 eu acertei um, e a tal de média ponderada me levou a não entrar na UFRGS no final da década de 80...

E é dessa época as minhas preferência musicais que convergem a Paralamas, Legião, Titãs, Cazuza, Cascaveletes do meu amigo Frank Jorge, Kid Abelha... É claro que as festas e reuniões de final de tarde nos ensinaram a conhecer e gostar de clássico da década de 70 e 60, Stones, Beatles, Pink, Led e muita MPB, Elis, o Ministro, Rita Lee, Chico, Jorge Bem e tantos outros...

O Rei Roberto era alguém de quem meu pai gostava, mas a internet através de propaganda do filme Caminho das Nuvens me apresentou uma nova visão e um sentido diferente e descobri a genealidade de Roberto e porque é Rei.

Escute comigo

Daqui pra frente,
tudo vai ser diferente,
você tem que aprender a ser gente
o seu orgulho não vale nada, nada...
Você tem a vida intera pra viver
e saber o que é bom e o que é ruim
É melhor pensar depressa e escolher
antes do fim...

Ele nos mostra um novo amanhã e é isso que se mostra depois de julho de 2006. Um novo caminho, com certeza cheio de realizações, pois em julho eu prestei vestibular para padagogia na UFRGS, no primeiro momento muito mais incentivados por minha companheira de onze anos, Angelita Lucas, presidenta do Sindicato dos professores de São Leopoldo - CEPROL ? e mãe de meu filho, João Marcelo Lucas Schneider, ator, petista e campeão do Mundo pelo colorado. Os dois me incentivaram, me inscreveram e me levaram para fazer a prova. E eu fiz, já no meio da campanha política, lembro que fui almoçar em Novo Hamburgo numa agenda com Zulke, Tarcísio, Rosseto e Olívio, depois voltei pra fazer a prova da tarde.

A apreensão era grande pelo resultado, quando vi meu nome de aprovado caiu a ficha e eu era aluno da UFRGS, exatos 18 anos depois. E isso mudou a minha vida, foi alegria, foi felicidade, foi choro, foi emoção, foi explosão de sentimentos, foi comemoração, em casa, minha família, amigos, meus alunos, todos vibraram e entraram comigo na faculdade. Sonho realizado, sonho de guri. Todo mundo já teve sonhos, eu queria ser para-quedista, eu queria ser jogador, eu queria ser professor...

Acredito que esse momento de ser infância é sagrado e temos que lutar para que ele não se perca, todos já fomos crianças, imagine, você que está lendo, lembra da boneca ou do carrinho, de não escovar os dentes, de se machucar, de pegar o último pedaço de bolo, de esperar ansioso ou ansiosa pela batatinha frita do sábado, pois domingo era churrasco...hahaha. Saiba com toda a certeza que todo mundo teve infância, Maomé já foi criança, Arquimedes, Buda, Galileu e também você e eu. E isso, não podemos esquecer jamais, são momentos únicos, são belezas únicas, são choros, e alegrias, traumas e emoções...Saiba que todo mundo teve medo mesmo que seja segredo, Nietzsche e Simone de Beauvoir, Fernandinho Beira-Mar e mais, antes que tudo acabe é preciso ir em busca dos sonhos mesmo com medo, é preciso arriscar e se aventurar mesmo sem saber onde vai dar, pois saiba que todo mundo vai morrer: presidente, general ou rei, anglo-saxão ou muçulmano todo e qualquer ser humano.

E esse momento mágico de infância se elasticisou até esse ano quando adentrei no primeiro dia de aula no Pólo de São Leopoldo, lá na escola Gusmão Brito, onde eu já havia estado por inúmeras ocasiões, ou por reuniões, ou pelo Seminário do CEPROL, ou por apresentações do TGB, mas agora nada disso era maior que o momento de eu ser aluno da UFRGS, eu era o menino de sete anos feliz com a monareta de natal, era o guri de 11 emocionado, na verdade triste com o resultado da copa de 82, era o adolescente estremecido de medo pelas ruas de Porto Alegre que prestava seu primeiro vestibular, era enfim um menino de 35 anos extremamente feliz e com uma reviravolta na vida sem precedentes.

Em meio a metade do semestre, encaminhando-se os projetos de finais de ano na escola com a terceira série que orientava, início de campanha política, prestes a montar a IV Mostra de Teatro do TGB, aulas sistemáticas com as oficinas à noite e agora aulas na UFRGS. Complicou tudo, desorganizou tudo, apenas não entrei em colapso pois tive mestres na vida que sempre disseram, uma coisa de cada vez e o que for possível hoje, para amanhã fazer o impossível de hoje. E assim o fiz, encarei a minha faculdade como a realização do sonho infantil e a utopia do lutador socialista que sou para que o mundo possa ficar melhor com o meu grão de areia de contribuição.

Já aluno, tive mais surpresas, e a principal dela é que acreditava que o curso a distância seria como os que vejo por todos os lados, leitura e e-mail... Sabe, simples como trocar de camisa. Na primeira aula... Hummmm, na segunda aula HUUUUUUUUUUUMMMMMMMM, depois então entendi o significado de estudar em uma universidade federal. Não é por acaso que a formação de uma universidade federal vale tanto em qualquer lugar e para todas as pessoas.

Os desafios começaram e era preciso tocar em frente, mas como fazer, eram coisas novas e eu já nem tinha tempo. Era preciso correr atrás de tudo... Porém em bate papos nas ruas, nos raros happys, chegávamos a conclusão que era preciso andar devagar porque já tivemos pressa e sempre levar o sorriso, porque já choramos demais ...
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe... Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei, eu nada sei... Conhecer as manhas e as manhãs,
o sabor das massas e das maçãs...
Era preciso conhecer mais, era preciso fuçar no computador, perguntar ao professor, gravar, desgravar, imprimir, postar, ler, escrever, digitar, ajudar, perguntar, enfim, era preciso aventurar-se, era preciso ler o mundo que estava me inserindo, era preciso sentar a sombra da mangueira e contruir o conhecimento não apenas com o graveto na areia, mas com o mouse na tela.
A noite, muito cansado a frente do computador,, na internet discada depois da meia noite para economizar pois o investimento na campanha e na mostra são grandes, era preciso ser apaixonado pela causa...
É preciso o amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder seguir é preciso a chuva para florir. sinto que seguir a vida seja simplesmente conhecer a marcha, e ir tocando em frente como um velho boiadeiro levando a boiada, eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou, de estrada eu sou...

E que estrada. Pela manhã Dois Irmãos, à tarde oficina com o TGB já em São Leopoldo, à noite adultos, nas oficinas ou nas aulas presenciais da UFRGS, todo dia campanha, todo dia ensaio para a mostra, e de manhã, meus pequenos pensadores da Sala Mágica dos Sonhos, terceira série da escola 29 de Setembro esperando a energia do sor.
Vendo-os, todos os dias às 7h25 minutos, podem ter certeza, por mais cansado que estivesse, era o momento de levantar a poeira e seguir em frente, mesmo porque em casa, a pergunta e a força de meu filho que também estava na terceira e sempre tinha uma vontade inibida de ter aula com seu pai, questionava, perguntava e sugeria algo para que as aulas fossem um pouco dele também...
Todo mundo ama... Um dia todo mundo chora, um dia a gente chega, no outro vai embora. Cada um de nós compõe a sua história, e cada ser em si, carrega o dom de ser capaz, e ser feliz .

E nessa história entro eu, o Marcelo, formalmente o Marcelo Schneider, o Professor Marcelo, o Marcelo do TGB, Marcelo do Teatro, Marcelinho do PT, Marcelo, Celo, ou como ultimamente me sinto mais emocionado: Sor.
O Sor Marcelo virou aluno, virou estudante e se emociona cada vez mais, pois a cada momento aprendo a aprender junto com quem ensino, seja na sala de aula formal, seja na sala de oficina de teatro seja na vida, pois a cada dia se descobre que é com teoria e prática que se ensina, mas só se aprende quando se tem amor pelo que se faz e pelo que se acredita e é disso que quero falar... adivinha onde ela anda, deve estar dentro do peito ou caminha pelo ar, pode estar aqui do lado, bem mais perto que pensamos... A folha da juventude é o nome certo desse amor.

E é para os jovens que falo, não jovens apenas de idades que são o nosso maior objetivo, mas os jovens como eu e minhas colegas que viramos alunos e aprendemos, e mudamos a nossa vida dia a dia, na sala, na família, nas aulas por causa da busca de nosso sonho, de trilhar o caminho da utopia, não sozinhos, mas juntos, juntos em todos os momento, não importando se já podaram seus momentos. desviaram seu destino,
seu sorriso de menino e menina que tantas vezes se escondeu...Mas renova-se a esperança,
nova aurora a cada dia.E há que se cuidar do broto, pra que a vida nos dê flor e fruto
E esse fruto são nossos filhos e nossos alunos sim, mas hoje encontramos uma nova verdade, uma nova idéia, uma nova utopia, esses frutos somos nós também que podemos com nossa crença construir o conhecimento e mudar a lógica do mundo capitalista que exclui a quem não produz o que é riqueza na visão mercadológica. E acredita que podemos ser socialistas, que podemos aprender a distância, que podemos nos formar para poder formar, que nossa experiência vale muito mais do que meia dúzia de livros bem escritos, mas longe da realidade e que somos parte de um todo que acredita que pode e é capaz de construir a paz, a utopia e o caminho que leva a esta utopia. Seja escrevendo, seja digitando, seja apagando as coisas da tela, seja gravamdo em cd e disquete, mandando e-mail, para endereços errados, perdendo tudo que escreveu, mas quando não houver saída, quando não houver mais solução, ainda há de haver saída. Nenhuma idéia vale uma vida Quando não houver esperança, quando não restar nem ilusão ainda há de haver esperança. Em cada um de nós há algo de uma criança. Enquanto houver sol, enquanto houver sol
ainda haverá um coração batendo, um sonho aceso, uma mente pensando, pernas caminhando, haverá coração de estudante para se cuidar da vida. Há que se cuidar do mundo, tomar conta da amizade, alegria e muito sonho espalhados no caminho...Verdes, plantas, sentimento, folha, coração, juventude e fé.

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